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REVELATIONS

CAPÃTULO 5 - PASSADO DISTANTE

Parece que finalmente despertei, mesmo você me guardando tão bem e se recusando a aprender comigo.

Escuta, eu não quero que você estrague nada hoje. Estou muito feliz e nada do que disser ou falar vai estragar isso.

Por que você me rejeita desse jeito? Seu pai sempre se manteve tão próximo aos meus. Por que com você tem de ser tão diferente?

Ambos estão mortos. Muito provavelmente por culpa de vocês. Não me venha com histórias. Eu irei ao templo e reclamarei o que é meu por direito. Até lá, por favor, me deixe em paz.

Alex rompe o contato e cai no chão. A caixa estava perdendo seu brilho, assim como seu corpo. Ele levanta o rosto e uma lágrima escorre por ele.

Por que justo agora isso foi acontecer? Será que é destino?

Alex?

Rick!? Ele vira seu rosto para trás a tempo de ver o amante levantando da cama e coçando o olho. Rick caminha em sua direção e o abraça por trás.

Alex rapidamente limpa seus olhos e vê se a caixa ainda está emitindo o brilho estranho, mas tudo estava de volta ao normal.

Acordou já? Será que seu fogo não acaba nunca?? Hahah

É claro que não! Mas eu não acordei por isso...

O que foi?

Tive um pesadelo. Ao dizer isso Alex se vira e beija a boca de Rick. Sonhei que tudo o que tinha acontecido era um sonho....

Não se preocupe. Eu não vou deixar você sozinho. Nunca.

Não prometa coisas que não pode cumprir, por favor.

Como assim?

Ninguém sabe o dia de amanhã. Eu prefiro viver cada momento da minha vida. Dia após dia, como se cada um deles fosse o último.

Você está escondendo algo de mim?

Não... por que?

Você está dizendo coisas sem sentido. Aconteceu alguma coisa?

Alex não responde, apenas agarra seu amante e dá um beijo que faz ambos ficarem sem fôlego. Rick o pega no colo e leva-o para a cama onde ambos decidem dormir tranqüilamente, abraçados e esquentando um ao outro.

Uma semana havia se passado e finalmente o dia de irem à Tóquio chegara. Ambos arrumaram suas coisas e partiram para a cidade. Ao chegarem na estação, pegaram um taxi e foram para o Hotel. Quando lá chegaram, arrumaram suas coisas e decidiram andar um pouco.

Andaram pela cidade de mãos dadas, não ligando para os olhares insistentes que fuzilavam a ambos. Talvez, o problema não era ambos serem do mesmo sexo, mas sim a demonstração de carinho em público. Nesse ponto, grande parte dos japoneses eram um pouco mais reservados. Grande parte, mas não todos. Alex e Rick não ligavam para o que os outros iriam dizer ou pensar deles. Eles estavam do outro lado do mundo, a chance de encontrarem alguém conhecido era quase nula e eles queriam aproveitar esse tempo que poderiam fazer isso.

Mesmo a sociedade japonesa não possuindo a tendência machista da brasileira, uns e outros ainda olhavam com cara feia para os dois.

Tanto Alex quanto Rick estavam no paraíso. Saíam andando pelas ruas de mãos dadas, corriam pelos parques, foram até a Tókyo Disney, eles estavam muito alegres. E todas as noites, quando voltavam ao hotel, se deliciavam um nos braços do outro em noites de luxúria e prazer.

Ficaram mais ou menos uma semana e meia em Tóquio. Decidiram partir e continuar sua viagem. Sua próxima parada ainda não estava definida, pois ficaram de escolher um lugar e ir, sem pensar muito. Estavam ajeitando suas coisas quando Alex disse que iria sair por alguns minutos e estava levando junto com ele aquela caixa estranha que ele vinha trazendo desde o Brasil.

Ele não desconfiava que seu amante iria traí-lo, mas estava curioso em relação àquela caixa estranha. Decidiu segui-lo.

Alex foi indo em direção a um templo que ficava próximo ao hotel. Escolheu esse hotel propositadamente, devido à proximidade ao templo. Quando decidisse fazer o que tinha de ser feito, poderia apenas sair do hotel alegando uma saída rápida e estaria feito.

Chegou ao templo e Rick ao longe observava-o estranhando a atitude do atual namorado. Que ele soubesse, Alex não tinha uma religião em que se apoiar, mas nunca chegaram a discutir religião em si. Foi adentrando ao templo seguindo Alex o mais próximo que poderia sem ser notado.

Quando entraram no templo, Alex dirigiu-se até um altar que havia no centro do templo. O templo inteiro estava vazio e ambos se perguntavam o motivo disso. Ao chegar ao altar, Alex depositou a caixa que se encontrava em suas mãos. Era uma caixa de madeira comum, um mogno ou algo do gênero, em formato retangular, com mais ou menos um metro e meio de tamanho.

Quando Alex começou a destravar a caixa, algo que mais parecia um laser atingiu seu ombro o que o fez cair ajoelhado em frente ao altar. Ele apenas virou seu rosto e viu quatro figuras com vestes estranhas próximos à porta do templo. Olhou a tempo de ver um outro estranho correndo e pulando na direção dos quatro tentando para-los.

Percebeu algo de familiar no estranho que vinha correndo e viu que se tratava de Rick. Uma das pessoas apenas ergueu a mão para o alto e ao dizer algumas palavras ininteligíveis, um circulo de pura escuridão apareceu na frente dos quatro engolindo Rick, fazendo-o aparecer ao meu lado.

Apoiei meu namorado e fiquei encarando os quatro à minha frente.

Quem são vocês?

Não diga que um dos filhos dos Harada não nos conhece. Que espécie de truque é esse? Avisamos a todos da sua família maldita que mataríamos sem pensar caso algum de vocês se aproximasse do templo.

Deve estar havendo algum engano, eu não sou um Harada. Nem mesmo sou do Japão.

Você tem o sangue de um rapaz. Caso contrário, o encantamento que deixamos ativo no templo não nos avisaria que você havia vindo.

Do que estão falando? Pergunta Rick sem nada entender. Primeiro aquele cara aponta o dedo para você e sai uma espécie de laser que quase te faz cair no chão, depois, quando tento te ajudar, aquela mulher fala alguma coisa e uma porta preta aparece na minha frente e eu apareço do seu lado. Alex, você sabe alguma coisa sobre isso?

Sei. Esse é um dos motivos para que eu tenha vindo para cá.

O que?

Desculpa não ter te contado nada até agora. Eu vou esclarecer tudo.

É melhor que esclareça a todos. Vamos descer até o nível inferior do templo, lá poderemos conversar em paz.

E por que confiaríamos em vocês? Nos atacaram pelas costas. Eu vim aqui com um único objetivo e vou cumpri-lo agora. Alex levanta-se e vai até o altar e termina de abrir a caixa. Todos os outros querem fazer algo para impedi-lo, mas não conseguem. Alex abre a caixa e tira de lá uma espada muito antiga, enferrujada e que se mantinha em uma bainha que dava mostras de ter sido brilhante e reluzente. Ao que parece, os outros ficaram espantados ao ver a espada.

Alex tirou a espada velha da bainha e a ergueu acima de sua cabeça.

Aquilo que um dia eu recusei, para que minha vida pudesse preservar, invoco novamente agora, meus poderes há tanto selados para que possam me ajudar. Volte meu avatar, vamos juntos o mal que espreita a Terra derrotar.

Ao dizer essas palavras, o corpo todo dele começou a brilhar e uma onda de poder o invadiu. Rick observava o namorado ser envolto pela luz dourada e sentiu medo. Ele não sabia por que, mas sentia medo, como nunca havia sentido antes.

Quando a luz cessou, Alex estava lá. Usava um traje estranho. Estava com um quimono branco, com detalhes em todas as bordas do mesmo em vermelho, amarelo e laranja, carregava a mesma espada em sua cintura, a única diferença é que a espada havia rejuvenescido e reluzia ante as luzes do salão. Era uma espada estilo Espanhol, com corte dos dois lados e lâmina irregular, começava estreita e ia aumentando, até certo ponto, onde voltava a diminuir e terminava em um triângulo. Possuía algumas pedras encravadas em seu cabo.

Alex estava olhando para as próprias mãos que estavam encobertas por uma luva trabalhada em couro e metal. Todos ao seu redor olhavam para ele. Seus cabelos presos em um rabo de cavalo, seu rosto com algumas marcas. Rick não estava entendendo nada e só voltou a si quando Alex se moveu e foi em sua direção. Ele tocou seu rosto com a palma da mão e olhou para ele.

Está tudo bem agora, me dê a sua mão e vamos embora daqui.

Vocês não irão a lugar algum antes de esclarecer algumas coisas para nós.

Deixe-nos em paz. FIRE SOUL.

Um jato de fogo dançante salta da palma de sua mão e vai em direção a eles. Todos conseguem evitar o ataque mas parece que ficaram surpresos.

Eu realmente sou um Harada. Há muito tempo fui obrigado a esquecer quem eu era para que pudesse sobreviver, pois minha própria família estava me caçando. Os objetivos deles haviam mudado e meu pai e minha mãe se recusavam a acreditar. Tentaram impedir algumas ações deles e foram caçados. Desde então, eu fiquei refugiado no Brasil para que pudesse sobreviver e um dia, voltar com meus pais para o Japão e limpar o nome de minha família. Mas, eles mataram meus pais. Perseguiram eles até o Brasil e os mataram. Desde então, eu decidi esquecer os meus poderes que são o legado de nossa família e esquecer todo o resto. Há um mês atrás, descobrimos que alguém da família Harada estava no Brasil. Com toda certeza ele não está atrás de mim, mas... seja lá o que for que ele esteja indo fazer, agora eu tenho como enfrentá-lo.

Rick estava espantado com o que tinha acabado de presenciar. Ele criou fogo do nada! Como ele

pode fazer isso? Será que ele é um bruxo? Será que o que sinto por ele é influência de sua bruxaria? Quando Alex caminhou novamente e tocou a mão de Rick, esse bateu em sua mão e gritou.

AFASTE-SE DE MIM! Você é um monstro ou algum demônio?

O QUE? Do que está falando? Vamos sair logo daqui e terminar essa viagem em paz, só a gente.

Como você quer que eu acredite em você? Você criou fogo do nada! Como vou saber se você não está manipulando a minha mente com algum feitiço para que eu goste de você?

... Você acha que eu faria algo desse tipo?

Vendo a face de seu "amado" ficar pálida e triste, Rick se arrependeu pelo que havia acabado de dizer, mas não poderia voltar atrás.

Como posso saber? Até dez minutos atrás você não atirava fogo pelas mãos. Era apenas meu namorado.

Nada mudou. Eu só vim em busca de algo que vamos precisar caso realmente aquele cara que fugiu seja da família Harada. SERà QUE VOCÊ NÃO ENTENDE, se eles se tornaram o que meu pai previu que se tornariam, eles são terríveis. Eu continuo sendo o seu namorado, eu apenas estou um pouco diferente.

.... Como eu posso continuar confiando em você?

MAS QUE PORRA! O QUE MUDOU? EU NÃO CONTINUO SENDO EU MESMO? EU SEMPRE PUDE FAZER ESSAS COISAS, A ÚNICA COISA QUE ME IMPEDIA ERA QUE MEU AVATAR ESTAVA PRESO DENTRO DA ESPADA. EU SÃ" PRECISAVA REALIZAR O RITUAL E LIBERTÃ-LO! SERà QUE É TÃO DIFÃCIL ENTENDER QUE EU ESTOU FAZENDO ISSO PARA PROTEGER VOCÊ E A PORCARIA DO PAÃS QUE A GENTE VIVE? Dizendo isso, uma lágrima escorre pelo seu rosto. Um brilho fátuo percorre seu corpo e ele volta a usar as roupas que estavam com ele e a espada some no ar. Será que pelo menos assim você me reconhece?

Rick tinha visto a lágrima correndo pelo rosto do amante, e quis abraçá-lo, mas ... algo em seu corpo não deixava fazer isso.

Vamos para o hotel.

Ambos começaram a caminhar em direção à porta quando foram barrados pelos quatro presentes.

Chega de cenas inúteis. Vamos ao ponto que interessa.

Cenas inúteis? Fala Alex. Você sabe o que é amar alguém? Acho que não, pois se soubesse, saberia que o que estamos passando aqui é bem mais sério do que aparenta. Quando um relacionamento não existe mais confiança mútua, tudo acaba.

Mas é inútil comparado ao que temos aqui em mãos. Pelo que pude perceber, seu avatar não foi corrompido como todos os outros da Família Harada. Estou certo?

Certo.

CALEM A BOCA! Se você forem ficar falando de algo que eu não sei, sejam no mínimo educados de me permitir saber o que está acontecendo.

Desculpe. Diz Alex. Eu vou lhe contar o que está acontecendo.

Há muito tempo atrás, não me pergunte datas pois eu desconheço todas, vivam no Japão algumas pessoas, cinco na verdade, que conversavam com seres das estrelas. Eles eram chamados de avatares. Durante anos eles viveram em paz, até que um dia, algumas pragas e pestes começaram a invadir essa aldeia e, junto com os avatares, eles conseguiram derrotar as pragas e doenças. Porém, eles descobriram que tudo isso provinha de uma fonte. Um antigo espírito maligno que, de tempos em tempos, tenta se livrar dos grilhões que o prendem para que consiga a liberdade para destruir a Terra.

Falando desse jeito, parece até uma lenda ou coisa do tipo, não é mesmo?

Com certeza, responde Rick.

Bem, mas não é. Existiram na terra pessoas que conseguiam unir seu corpo à dos avatares celestiais e isso concedia poderes àquelas pessoas. Cinco pessoas conseguiam isso, hoje, cinco famílias de pessoas conseguem. Pelo que eu sei, isso os outros podem até corrigir depois, a minha família foi a única a cultivar os costumes e tradições dos antigos, não deixando nenhum membro da família se distanciar e um possível ramo ser criado. Eles queriam literalmente o controle de quem teria e quem não teria os poderes, pois eles tinham planos. Os anciões da família pensavam, por que vamos ficar velhos se podemos dominar todas os poderes e possivelmente descobrir um elixir da vida eterna? Foi isso que eles fizeram e, todos dentro da família que se recusaram a participar, foram caçados e mortos.

Todos sabiam que se alguém descobrisse sobre os nossos poderes ficaria ambicioso e tentaria de algum jeito dominá-los, por isso, existiam regras que ninguém poderia usar os poderes em público. Muito provável, por esse motivo todos os outros foram mortos com tanta facilidade.

Acho que não temos nada a acrescentar, apenas que nossas famílias não tinham um controle tão grande como a dele e que não nos opusemos a quem quisesse deixar o clã. Uma diferença... até você pode pertencer a uma das famílias e não saber. Nós fomos os escolhidos a representar os antigos nessa missão. Ao que parece, além de tentar essas loucuras, os Harada enlouqueceram. Seus avatares ficaram distorcidos e agora, eles tentam reabrir o portal para o grande demônio.

Eles estão tentando reabrir o portal?

Isso mesmo, por isso estamos protegendo esse local. Ele é uma das passagens para o cárcere do demônio.

Vocês sabem quantas mais existem?

Mais duas. Uma no Brasil e outra nas Ilhas Gregas.

Então provavelmente aquele cara que a gente viu... estava tentando achar o portal...

É bem provável. Agora que já estamos todos juntos, podemos decidir como agir.

Será que podemos deixar para depois? Eu preciso conversar com ele primeiro. Acho que devo algumas explicações. Que tal amanhã?

Marcaram em um Karaokê nas proximidades e foram todos embora.

O caminho do Templo até o Hotel foi feito no mais absoluto silêncio, até chegarem no quarto nenhum dos dois disse uma palavra sequer. Qualquer um que olhasse os dois, que já os tivesse visto juntos, perceberia o clima de tensão no ar. Eles andavam como um casal apaixonado em lua de mel, agora, eles nem sequer se tocavam.

Ao adentrarem ao apartamento, Rick jogou-se no sofá e ligou a televisão. Alex por sua vez ficou parado, em pé ao lado dele, aguardando uma fala.

Você não quer conversar sobre o que aconteceu?

Para que?

Eu quero esclarecer as coisas com você! Não quero que você fique pensando que eu queria te enganar ou algo do gênero.

Pode falar. Disse Rick com uma voz inexpressiva e seus olhos fixos na televisão, onde passava um programa de auditório japonês, o qual ele não entendia nada.

Alex se coloca entre ele e a televisão e o encara com cara de poucos amigos.

Será que você pode prestar atenção no que eu digo? Por que você tem que ser tão cabeça dura? Eu te magoei? Desculpa! .... eu te amo.... As últimas palavras saem sussurradas, enquanto uma lágrima escorre pelo rosto de Alex.

Você não queria me enganar? E quando você pretendia me contar a verdade? Por que tanto drama em alguém saber que você pode por fogo em qualquer um quando bem entender? Ah! É mesmo, se alguém descobrir poderiam te matar... Nós passamos as últimas três semanas juntos, eu pensei que confiasse em mim. Ou será que você realmente pode controlar a mente das pessoas, está controlando a minha e tem medo que eu possa realmente acreditar nisso e quebrar o feitiço?

Eu nunca disse que não confio. Mas você concorda comigo que de nada adiantaria eu dizer para você... eu tenho controle sobre todos os elementais da Terra... e como eu posso provar? Eu precisava estar no Templo da minha família para que lá eu pudesse desfazer o encantamento que eu fiz tirando meu avatar do meu corpo e colocando ele na minha espada. Será que você não entende que quanto mais você souber mais risco de vida está correndo.... eu me preocupo com você! Não quero que nada de ruim aconteça! Por que é tão difícil aceitar isso? E eu realmente não posso controlar a mente das pessoas, se eu pudesse, você já teria esquecido tudo o que se passou e tudo voltaria ao normal, me poupando trabalho.

As expressões de Rick são impassíveis. Ao que parece, ele só ficou espantado com uma declaração de Alex. A que ele poderia controlar todos os elementais da Terra. Fora isso, tentou manter uma postura fria.

Por que você faz isso comigo? Alex ajoelha na frente dele e não consegue mais conter as lágrimas que começam a lavar seu rosto. Será que o meu passado é tão importante ao ponto de você de esquecer todos esses momentos que passamos juntos? Será que o meu amor por você não é o suficiente para superar isso? Ou será que você quer que eu saia por aí combatendo o crime de quimono e queimando quem eu encontrar pela frente? Sinceramente... eu ... não consigo entender você.... onde está o juramento que você me fez? Eu sabia que você não poderia cumpri-lo, por isso disse para você não falar nada.

Rick vê seu amante em prantos e algo dentro dele quer muito abraçá-lo e dizer que perdoa ele e que tudo vai ser diferente a partir de hoje. Mas ele sabe que outra parte dele não quer. Ele se sentiu traído. Ele precisa pensar no que ele realmente sente. Pensando nisso, ele apenas vira o rosto. Ele lembra do juramento que fez, no primeiro dia em que fizeram amor. Das palavras de nunca abandoná-lo.

Ambos ficam assim por mais ou menos cinco minutos. Depois disso, Alex enxuga suas lágrimas e com a voz mais fria que conseguiu fazer disse:

Espero que pelo menos me acompanhe amanhã.

Ao dizer isso, se retira da sala e vai ao quarto. Quando chega no quarto, atira-se na cama e fica lá, chorando, imaginando o que ele fez para que seu amado ficasse com tanta raiva, rancor, parece até desprezo.

Ao sair da sala, Alex nem sequer virou para ver Rick mais uma vez, o que ele agradeceu, pois se tivesse se virado, teria visto algo que quase ninguém viu até hoje. Rick deixava escorrer algumas lágrimas sobre seu belo rosto. Vendo o amante se retirar da sala, ele somente deita no sofá e lá fica durante toda a noite, pensando, divagando, relembrando tudo o que haviam passado até hoje.

No dia seguinte, eles ficaram o dia inteiro sem trocar uma palavra sequer. Pediram seus almoços separadamente e enquanto um estava em um lugar, o outro estava no oposto. Com o cair da noite, Alex se aproxima de Rick.

Você vai?

Você faz questão que eu vá?

... não... é que... eu pensei que quisesse ir....

Pode ir sozinho. Eu fico por aqui mesmo.

Uma lágrima escorre pelo rosto de Alex, mas ele a limpa rapidamente e vira as costas para Rick, saindo do quarto de hotel. Rick continua lá, pensando, tentando lembrar o momento em que havia se sentido estranho a isso tudo. Sabia que não aceitava aquilo por pura teimosia de sua parte, mas... por que Alex escondeu isso? O que é isso? Ele não conseguia entender direito... e isso o deixava nervoso.

Sabia que se continuasse por ali, apenas pensando nisso, ficaria louco. Decidiu então sair para tomar um ar, andar um pouco na noite de Tóquio o faria pensar melhor no assunto. Enquanto caminhava, nem sequer prestou atenção em que direção andava, mas... acabou parando na frente do karaokê onde deveriam encontrar os outros. O que estava fazendo aqui? Será que seu inconsciente queria que estivesse ali? Decidiu entrar e ver o movimento do pessoal.

Ao entrar no karaokê, percebeu um grande movimento de brasileiros no local e, ao ouvir a música, pode perceber estarem cantando músicas brasileiras ou em outras línguas que não fossem japonesas. Ficou feliz com isso, ao menos, conhecia as músicas. Foi andando em direção ao bar e lá chegando, pediu um cerveja.

Alex estava ficando de saco cheio do cara ao seu lado. Desde que chegara no local, esse cara estava pegando no seu pé, tentando convencê-lo a sair com ele, dizendo que nunca tinha visto um japa tão bonito, etc. E para ajudar, os outros ainda não haviam chegado ao local. Ele tentava disfarçar a conversa, levar para outro lado até que o cara tentou beijá-lo à força. Impediu o contato e deu um empurrão no cara que caiu estatelado no chão.

Nesse mesmo instante, Rick tinha acabado de pegar a sua cerveja e viu a cena. Será que ele estava sendo muito cabeça dura mesmo? Será que não estava sendo intransigente demais para com o seu amado? Afinal de contas, por mais que negasse, gostava dele. Ele com seu jeito de criança ou matador de aluguel, era SEU japa, de mais ninguém. Não podia imaginar outras pessoas tentando ficar com ele ou fazendo com ele as coisas que fazem na cama. Um calor percorreu todo corpo de Rick e ele foi se acalmando. Decidiu cantar uma música para anunciar que estava aqui.

Explicou o que queria à pessoa que estava cuidando do som e ele passou na frente de todo mundo. Queria ver a reação desse tal de Alex. Ele pegou o microfone e começou.

ATENÇÃO À TODOS! TEM UMA PESSOA AQUI QUE QUER FAZER UMA HOMENAGEM À PESSOA QUE ELE GOSTA. AHHAHAHA VAMOS OUVIR O QUE O RAPAZ APAIXONADO TEM A DIZER.

As luzes se apagaram e no meio do palco um holofote se acendeu. No meio do palco, com um microfone na mão, estava Rick, com seu rosto um pouco baixo. Quando Alex viu isso quase engasgou o refrigerante que estava bebendo.

Rick?...

Foi então que o fundo musical entrou e a música teve início. A voz dele ecoava pelo recinto, carregada de sentimentos e acabou invadindo os corações de todos no local.

Você ficou em mim dentro de minha alma

Feito uma tempestade que nunca se acalma

Amor que me pegou de um jeito inesperado.

Teu nome é um grito preso na garganta

Te vendo acompanhada parecendo santa

E eu querendo ser quem está do seu lado.

Será... Do jeito que tiver que ser assim será

Mesmo que toda vida eu tenha que esperar

Eu ficarei guardado nesse sentimento

Por te amar assim

A felicidade é o meu castigo

Será que tanto amor pra mim é proibido

E estou morrendo aos poucos por sonhar contigo

Por te amar assim

Desejo a tua boca sem poder beijá-la

Desejo a tua pele sem poder tocá-la

E morro de vontade a cada madrugada

Por te amar assim

Por te amar assim

Por te amar ...

Assim vou caminhando numa corda bamba

E sigo as tuas marcas feito tua sombra

Preso nesse amor que eu quero noite e dia

O tempo vai passando como um vento forte

E eu aqui largado a minha própria sorte

Contando os segundo pra você ser minha

Será... Do jeito que tiver que ser assim será

Mesmo que toda vida eu tenha que esperar

Eu ficarei guardado nesse sentimento

Por te amar assim

A felicidade é o meu castigo

Será que tanto amor pra mim é proibido

E estou morrendo aos poucos por sonhar contigo

Por te amar assim

Desejo a tua boca sem poder beijá-la

Desejo a tua pele sem poder tocá-la

E morro de vontade a cada madrugada

Por te amar assim

Por te amar assim

Por te amar assim...........

Alex, eu te amo....

A última frase foi dita em um tom de voz quase inaudível, mas quem precisava ter ouvido, ouviu... e ficou emocionado com isso. Logo que desceu do palco, todos estavam aplaudindo e ele sentiu seu rosto um pouco ruborizado com isso. Quando estava indo em direção a Alex, viu o jovem oriental com seu rosto cabisbaixo e balançando uma das pernas, sentado em um banco próximo ao bar.

Quando se aproximaram um do outro, eles se olharam e perceberam que ambos estão derramando algumas lágrimas. Alex segura o pescoço de Rick e encosta sua testa com a dele.

Você me perdoa?

CONTINUA.....

Gostaram? Por favor, me escrevam e me mandem sua opinião!