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Amor Eterno
By Ryu K.
A noite cai, o frio caracterÃstico da estação começa a tomar conta do local. Duas pessoas que não levantariam a menor suspeita caminham pelas ruas à noite. Um deles, um rapaz de estatura mediana, cabelos longos presos em uma longa trança, calça e camisa preta, um lenço vermelho no pescoço, um crucifixo balançando em seu peito e um longo sobretudo, dotado de uma beleza única explÃcitas e a leve neblina que cobria o local ressaltava mais ainda seus olhos, um violeta profundo, semelhante a ametistas. O outro, usava uma calça jeans clara, uma camiseta preta e uma jaqueta, seus cabelos eram curtos e castanhos, levemente desgrenhados e seus olhos, que também se ressaltavam pela neblina eram azuis... como o mar... profundo... O frio da noite fazia com que o ar saÃsse em forma de névoa de suas bocas.
O que faremos agora? - pergunta o jovem de cabelos compridos.
Vamos até o local onde eu reservei na república. Estarão nos esperando.
Ta.... hmf... tô vendo que esse lugar deve ser muito chato...
Duo!
O que você quer que eu diga? Não são nem onze horas da noite e não tem ninguém mais na rua! - falava o outro gesticulando.
Não teremos que ficar muito tempo por aqui.
Ainda bem... espero que essa missão termine logo. - Diz Duo virando os olhos.
Um vento leve sopra fazendo os dois se arrepiarem.
Vamos logo! Eu to com frio!
Heero olha a figura ao seu lado que reclama a cada minuto. "Eu queria poder te esquentar... deixar meu corpo te aquecer e fazer você se derreter em meus braços..." Depois de pensar nisso, Heero fica um pouco ruborizado e tenta esquecer tais pensamentos. Ambos são amigos, pilotos e possuem uma missão. Nada pode interferir no objetivo da missão. Ele próprio seria capaz de dar a sua vida para realizar uma missão.
Ao chegarem ao local da república, ambos vão entrando e após trocar algumas palavras com o responsável pelo local, se acomodam em seus quartos. Infelizmente, eles terão que dividir o quarto com mais dois rapazes, que segundo o dono do estabelecimento, chegaram na última hora.
Não muito felizes mas cansados, os dois sobem para seus quartos e decidem dormir um pouco. No meio da noite, Heero acorda com alguns barulhos do seu lado. Eles estavam dormindo em beliches. Heero ocupava a cama de baixo e Duo a de cima. Ao lado deles, um outro beliche havia sido colocado provisoriamente, onde dois outros estudantes estavam ocupando seus lugares. Heero percebe uma leve movimentação e abre seus olhos. Para seu espanto, o jovem que estava deitado no beliche de cima desceu de sua cama e começou a tocar no rosto do outro que dormia embaixo. Ele cochichava algo no ouvido do amigo enquanto acariciava seu rosto. A cena foi fazendo Heero ficar excitado. Ele não acreditava nas coisas que estava presenciando... o jovem havia acordado e ambos estavam transando bem do lado deles... será que eles não temiam que alguém acordasse?... Heero tentou esquecer, tentou usar seus exercÃcios para relaxar, tentou ordenar mentalmente que dormisse... nada tirava da cabeça dele a cena que acontecia bem ao seu lado... em determinado momento, a respiração dos dois foi ficando mais pesada, mais difÃcil... Heero se atreveu a olhar novamente e viu que aquilo não havia ficado apenas nas carÃcias... ele quase se levantou quando viu aquilo... mas teve que se controlar... "Malditos! Por que não fazem isso em outro lugar? Por que tem que ficar incomodando meu sono desse jeito?" Mas Heero sabia... seja quem quer que fosse, se acontecia algo assim, prontamente ele se lembrava do amigo, do companheiro... Duo...
Heero mal conseguiu pregar os olhos... sua excitação era evidente e sabia que isso o atrapalharia na missão mais tarde. Logo ao acordar, tomou um banho gelado para que diminuÃsse a excitação dentro de si. Não ajudou muito, mas teria que resolver. Se arrumou e quando estava terminando de colocar os sapatos o piloto americano acordou.
Droga.. já está na hora? Temos mesmo que ir Heero?
Do que está falando? Dormiu a noite inteira e ainda reclama de sono?
A noite inteira? Vai me dizer que você não acordou com os gemidos do casalsinho apaixonado aà do lado?
... Eu...
Ahhhhh! Mas que droga... eles bem que poderiam respeitar um pouco mais a gente... se fôssemos um casal pelo menos.....
O que?
Ah, ... nada não...
Duo sai correndo e entra no banheiro, tomando um banho quente e lavando seus longos cabelos. Heero abre lentamente a porta do banheiro e observa seu amigo banhar-se... como ele gostaria de ajuda-lo neste banho... suas mãos percorriam todo seu corpo, deslizando e esfregando... seus cabelos soltos, rebeldes... Duo era a pessoa mais bela que conhecia... e além da beleza... ele ainda tinha aquele... jeito diferente... não sabia direito o que era... mas ele tinha algo mais... como... como algo que ninguém mais possuÃa.... ele não entendia... seu cérebro não conseguia processar esse tipo de informação.
Os dois jovens pilotos haviam recebido a missão de destruir uma base militar próxima ao vilarejo, para tanto, Heero os matriculou em um curso regular na escola que ficava na região. Talvez precisassem de tempo para reconhecer o local, ou talvez demorasse um pouco até as pessoas envolvidas relaxassem a guarda para que pudessem invadir seu território e destruir o lugar. Deixaram seus quartos às pressas, ambos ainda estavam exaustos pela noite mal-dormida, e partiram para suas salas. Os dois jovens estavam em salas diferentes e isso os ajudou a esquecer o episódio da noite passada. Heero não teria que encarar Duo e vice versa. O piloto japonês não estava mais conseguindo controlar seus desejos contidos pelo americano, sabia que se passasse o dia ao seu lado, seria pior. O dia passou devagar para ambos. Não entendiam o porque de ensinarem coisas como aquelas no colégio... era tão... ultrapassado.
Logo após as aulas terminarem, ambos saem depressa do colégio e vão rumo ao dormitório que compartilham. Ao chegarem, se trocam e pegam as suas coisas e quando estão quase deixando o quarto os seus companheiros chegam.
Onde vão?
Não interessa. - Responde Heero friamente.
Ah! Deixa eles! É até melhor eles irem, a gente pode estudar!
Sei, só se for pra estudar a anatomia humana, não é mesmo? - Responde Duo sarcástico e com um sorriso nos lábios.
O que? Do que estão falando?
Ora essa... vai me dizer que vocês realmente pensaram que não irÃamos ouvir seus gemidos na noite anterior? Por favor, até alguém que é surdo acordaria!
Não sabemos de nada sobre isso....
Não sabem? Pois bem... deixe assim... Mas tomem cuidado... Se eu tentar dormir hoje e não conseguir... posso ficar nervoso... e vocês não gostariam de me ver nervoso... - Fala Heero com a voz ameaçadora e seus olhos firmes.
Os dois pilotos deixam o quarto carregando suas mochilas e partem para tentar cumprir a missão de ambos. Eles caminham nas ruas da cidade e percebem que mesmo durante o entardecer o número de pessoas que ficavam nas ruas era mÃnimo. Duo estranha muito tal fato, levando em consideração que o próprio colégio no qual estavam matriculados tinha um número considerável de alunos.
Duo olha para seu lado esquerdo e vê uma grande loja de doces, com sua dona varrendo a frente da loja. Ele para quase que instantaneamente de andar e obriga Heero a parar com ele.
O que foi?
Veja...
O que?
Uma loja de doces!!! Deixa eu comprar um chocolate pra mim? Por favor?... é rápido...
O que?
Eu disse...
Eu ouvi muito bem o que você disse, só não consigo entender o porque disso tudo agora!
É que... eu não comi nenhum doce hoje... e eu ... fiquei com vontade...
Duo Maxwell...
Heero observa o outro piloto que falava com receio e sua mente vaga naquele ser de beleza tão exótica. "Eu queria muito poder fazer tudo por você... não ter que deixar você passar vontade... mas... o objetivo agora é outro.. temos uma missão". Heero pondera por mais algum tempo e Duo fica encarando ele.
O que foi?
O Soldado Perfeito não diz nada, apenas começa a caminhar em direção à loja e apanha um chocolate e mais alguns chicletes no balcão colocando em seguida o dinheiro para a mulher que chegava para atende-lo.
Mais alguma coisa meu jovem?
Não.
Duo aproximava-se sorrateiramente de Heero e não entendia a atitude do soldado perfeito... ele havia comprado não apenas o chocolate preferido de Duo como também chicletes.
Valeu Heero! Eu sabia que....
Vamos logo.
Hm?
Anda, vamos logo, temos muito o que fazer!
Aonde os garotos estão indo? Será que não sabem dos boatos que correm por a� - diz a mulher no balcão.
Boatos? - Pergunta Duo mostrando-se interessado.
É claro. Vocês não são daqui?
Não... acabamos de chegar na cidade...mas que boatos são esses?
Várias pessoas comentam que já viram fantasmas rondando o local. Uma pessoa do vilarejo que não acreditava nas histórias foi passear na praia de noite e nunca mais foi vista... Vocês devem voltar para sua casa e só sair quando o sol estiver a pico, pois é o único horário em que realmente estamos à salvo.
Fantasmas? - Pergunta Duo.
Isso mesmo, fantasmas assustadores! - fala a mulher gesticulando.
E a senhora já viu algum deles? - Pergunta Heero ficando interessado no assunto.
Eu.. não... Graças ao bom Deus. E espero nunca ver um...
Entendo. Tomaremos cuidado. Obrigado pelo aviso. - Diz Heero se retirando da loja.
E.... hã?... Bem.. com licença e muito obrigado. - Cumprimenta Duo pegando as coisas e saindo correndo atrás do soldado perfeito.
Onde você está indo? Ficou maluco?
Estamos atrasados. A conversa foi muito útil, mas temos que ir.
Está bem, está bem.... e... obrigado...
... de nada...
Nesse momento, Duo pensou que as palavras de Heero soaram levemente dóceis em sua direção... ou será que era o efeito da falta de açúcar em seu sangue? Ele sentia falta quando não comia alguma coisa doce durante o dia todo. E ele sabia que sua carência estava deixando-o neste estado, uma vez, leu que as pessoas quando estão apaixonadas e não estão do lado da pessoa que querem tem uma tendência maior a consumir doces, pois seu cérebro quer suprir o vazio no "peito" através dos doces...
"Será que era isso? Estar do lado de Heero o tempo todo, contar com seu apoio, sua ... amizade, se assim posso chamar... e não tê-lo comigo ao mesmo tempo... será que isso está me deixando carente assim?"
Os dois pilotos caminham pelas ruas desertas e vão se distanciando da cidade. Eles caminham em direção à praia e se aproximam do esconderijo de seus Gundans no pé da montanha próxima, mas antes que pudessem se aproximar, a névoa fica mais espessa e os sentidos dos dois ficam alertas. Ambos sacam suas armas e ficam de costas um para o outro, esperando algum ataque inimigo.
Heero, temos que sair logo daqui. Se ficarmos mais tempo seremos alvos fáceis...
Eu sei...
Antes que Heero pudesse completar sua frase, ambos são surpreendidos por sussurros em meio à névoa. Vozes atormentadas começaram a cantar sua melodia tenebrosa. Duo começou a ficar com medo daquilo, imaginando quem poderia estar fazendo isso e qual seria o próximo passo de seus possÃveis inimigos. Sombras começam a voar ao redor dos dois garotos e Duo sente um frio percorrer a sua espinha. Ele não tinha medo da morte, afinal, não era ele o poderoso "Shinigami"? Viu quando as sombras começaram a rodear os dois e seu coração começou a acelerar. Tinha que fazer alguma coisa ... mas não sabia nem o que estava enfrentando, estava confuso...
Heero nunca ouvira falar sobre coisas como essa acontecendo. EspÃritos girando ao seu redor, querendo assustar-lhe com truques? Ele percebeu que o americano havia se abalado um pouco com a situação e segurou em sua mão enquanto sacava um sinalizador.
Cuidado agora, vou ver se chamo a atenção deles com isso - Fala Heero num tom de voz baixo para que Duo o escutasse.
Ok.
Heero ergue o sinalizador e atira para cima, criando um clarão de luz. Neste instante, todas as sombras se dirigiram para o local da luz quase que instantaneamente. Os dois pilotos viram assustados a feição desesperada das sombras em encontrar-se com o pequeno foco de luz, todas pareciam querer entrar nele.. o desespero, a raiva, a frustração por não conseguirem atravessar para o local prometido fez com que as sombras mudassem suas feições de desespero. O mais puro ódio se instaurou em seus olhos, que brilharam em vermelho, mostrando sua ira.
Os dois jovens pilotos estavam atordoados com a visão que tiveram e não entendiam o que estava acontecendo. Heero havia pensado na possibilidade de ser algum holograma ou algo parecido, mas do jeito que agiam, o sentimento que transmitiam em seu olhar.. estavam vivos... algo impossÃvel de se acreditar.. o próprio soldado perfeito não estava acreditando no que via... e sabe que, se um dia contassem isso à ele, ele não acreditaria... Ambos iniciaram uma longa corrida pela praia, tentando alcançar o esconderijo de seus respectivos Gundan´s. Quando estava quase alcançando seu querido Deathscythe, Duo sentiu seu cabelo ser puxado para trás e emitiu um grito de dor. O simples toque da mão daquela criatura fazia seus ossos congelarem, a força com que havia sido puxado, era indescritÃvel, agradeceu por não ter seu cabelo todo arrancado.
Heero ouviu o grito de Duo e um desespero se abateu sobre si. Onde estava o amigo? O que os malditos haviam feito com ele?... Uma raiva se apossou do coração do soldado perfeito que começou a caminhar lentamente de volta, querendo descobrir o que havia acontecido com seu companheiro.
Malditos! O que fizeram com ele? Devolvam o Duo agora!
Nenhuma resposta... uma apreensão muito grande tomava conta do coração de Heero... ela tinha a certeza de que Duo não havia morrido... algo dentro dele sabia disso...
Você, que procura por um igual, estás disposto a fazer qualquer coisa para reavê-lo?
O que?
Quem é você? Por que seu coração chama tanto por ele?
Devolvam o Duo agora, e eu prometo não matar todos vocês! - Fala Heero com um tom de voz agressivo, cansando da "brincadeira".
Será que consegue nos pegar?
Ao dizer isso, a voz desaparece e a névoa vai lentamente desaparecendo. Heero vasculha o local com seus olhos atentos ao menor movimento. Sua visão para, suas pernas amolecem, seus sentidos ficam confusos quando vê, caÃdo próximo a si, uma pequena jóia... não qualquer jóia... um crucifixo todo de prata com um rubi no centro... aquilo pertencia a uma pessoa, apenas uma pessoa que conhecia usava aquele objeto... Duo Maxwell...
Um pouco desesperado, ele pega o crucifixo e o aperta em seu peito... seu amigo... seu amor... havia sumido... não havia pistas, não sabia onde procurar... ele simplesmente havia sumido no ar... Sua mente lógica começou a entrar em ação.
"Poderia ser alguém da base, utilizando dessa estratégia para espantar possÃveis bisbilhoteiros de sua central.. mas, por que se dariam o trabalho de deixa-lo vivo? Apenas para procura-los? Isso parecia mais um jogo de gato e rato..."
O sol da manhã despontava no horizonte e Heero continuava parado na praia, pensando em tudo o que havia acontecido. Ainda não acreditava. Não havia pegadas, pistas, nada... ele tinha revirado a praia inteira em busca de pistas e nada encontrou. Decidido, ele volta para seu quarto na república, pensando em tomar um banho e começar a pensar no que fazer para atrair os malditos "fantasmas" até ele esta noite.
Quando chega no quarto, seus companheiros não estão mais por lá e ele sente-se à vontade. Pega suas roupas e lentamente se encaminha para o banheiro. Ao entrar no Box, ele fecha seus olhos e deixa a água cair sobre sua cabeça... lentamente, ele toma consciência do que realmente havia acontecido e uma forte dor ataca seu tórax...
" O que é isso?... O que é essa maldita dor que estou sentindo?... - ele abre seus olhos e percebe-se soluçando - ... estou... chorando?"
Lágrimas escorriam pelo rosto do soldado perfeito. Lágrimas de dor, tristeza... saudade... Ele não sabia quando havia começado a chorar, mas não conseguia mais segurar... o crucifixo de Duo em seu pescoço... a dor aumentando cada vez mais.. sua mente era um turbilhão de sensações diferentes, nunca havia passado por tal coisa antes. O jovem vai ao chão, ficando ajoelhado, sem forças para continuar de pé... ele encosta seu antebraço no azulejo e encosta seu rosto nele... ele se sentia impotente em uma situação como essa... queria ajudar o amigo, mas não sabia como, não entendia o que estava acontecendo ou o que poderia fazer para salva-lo, se é que ele ainda estava vivo...
"Duo... morto? Não, eu não acredito nisso.. não posso acreditar... Duo... volta pra mim... por favor..."
As lágrimas aumentaram no rosto do soldado perfeito e ... de repente... pararam. Finalmente ele havia recuperado o controle de seu corpo e decidido a resolver a missão, colocou-se de pé, recompondo-se e terminando rapidamente seu banho.
Ao sair do box, Heero enxuga todo seu corpo rapidamente e veste sua bermuda e sua camiseta. Ele senta-se diante de seu Lap-top e começa a pesquisar todas as informações possÃveis e imagináveis de ocorrências sobrenaturais. Ele encontra algumas teorias sobre fé, aparições, poderes mentais, entre outras coisas. Quando a tarde já dava seu lugar ao crepúsculo, Heero saiu da república, junto com todo o equipamento que achou necessário e começou a caminhar pela cidade.
Olá garoto! Onde está seu amigo? - diz uma mulher que para ao seu lado, a mesma que os havia atendido na loja de doces.
Ele sumiu. O que sabe sobre os fantasmas?
Você encontrou com eles? Foram eles que pegaram seu amigo? - dizia a mulher em um tom de voz desesperado.
Acalme-se senhora, por favor. Eu preciso de toda informação que possuir... Desde quando está acontecendo isso? - fala Heero assumindo sua fria postura de soldado perfeito.
... Por que quer saber? Já não basta terem levado seu amigo, agora quer que levem você também?
Eu vou buscar Duo.
...
Por favor, fale... eu preciso ajudar meu amigo... - Heero, sem perceber, colocara todo seu sentimento em sua voz, o que acabou comovendo a jovem mulher.
Sabe.. você deve gostar muito dele para estar se arriscando desse jeito, não é? Vocês são... apenas amigos?
Hm?... sim... - a última palavra veio acompanhada de um leve suspiro, mas que fez a jovem entender que provavelmente o outro não sabia como o jovem à sua frente sentia-se.
Sabe... há algum tempo atrás, aqui na cidade, aconteceu uma história que marcou a todos que aqui moram... talvez não esteja interessado em saber, mas ... peço que ouça um pouco, pois pode ajuda-lo.
Do que se trata?
É uma história que envolveu a morte de uma pessoa... e logo depois disso... acho que se me lembro bem, foi quando os fantasmas começaram a aparecer...
Quanto tempo faz isso?
Há mais ou menos seis meses...
Seis meses...
Isso mesmo, há seis meses atrás, um fato aconteceu que marcou nossa cidade... todos sempre fomos adeptos da paz, mas... um dia, ... você sabe... é difÃcil para os seres humanos controlarem seus sentimentos... e o amor, ódio, preconceito... todos eles são sentimentos..
Não entendo aonde quer chegar com isso...
Por favor, escute com atenção...
Certo.
O Prefeito da cidade tinha um filho, rico e mimado, que praticamente controlava tudo ao seu redor... o colégio, os eventos, tudo o que ele queria mudar, ele sempre conseguia... o rapaz tinha na época.. 20 anos de idade... e sempre achou que nada o afetaria. Há um ano, chegou na cidade um rapaz... um viajante... talvez um antigo piloto da OZ ou algo do gênero. Ambos se apaixonaram... mas o orgulhoso filho do Prefeito jamais diria estar apaixonado por outro rapaz... isso era errado, conforme normas e costumes sociais ridÃculos... mas... um dia, o jovem piloto estava na praia... observando o horizonte... era noite e o filho do prefeito o encontrou por lá. Após discutirem, ambos acabaram admitindo o que sentiam um pelo outro e acabaram ficando juntos...
Como sabe dessas coisas tão detalhadamente?
Quer continuar ouvindo?
... claro... continue... por favor.
Um dia, o prefeito estava caminhando pela cidade, preocupado com os sumiços do filho, quando ouviu um comentário que o mesmo deveria estar na praia com o piloto. Ele já tinha ouvido um comentário que os dois estavam tendo um caso e já havia proibido o rapaz de se encontrar com o piloto... mas ao que parece, ele não obedeceu... O Prefeito voltou para sua casa e pegou uma arma que tinha escondido e dirigiu-se ao local. Quando chegou e viu os dois abraçados, ele ficou louco e começou a gritar desesperado para que seu filho largasse daquele homem... o filho tentava argumentar que amava a pessoa que estava a seu lado, etc... foi então que em um ato de desespero... o Prefeito deu um tiro... pensando em matar o piloto... acontece que... seu filho se atirou na frente do piloto e a bala atravessou seu peito. O filho do Prefeito morreu, o Prefeito está preso e o piloto nunca se perdoou por ter deixado o amor de sua vida morrer...
...
Depois de alguns dias, as névoas começaram a aparecer todas as noites e algumas pessoas alegaram ter visto uma forma que brilhava andando na praia. O jovem piloto, ao pensar que poderia ser algo relacionado ao seu amado, esperou anoitecer e foi para a praia... nunca mais voltou...
Está me dizendo que a pessoa que sumiu...
Era o piloto.
... Duo...
Você está bem garoto?
Estou... eu vou buscar Duo...
Espera... leve isto - a mulher lhe entrega duas correntes com um pingente de coração e um anel em cada uma.
O que é isso?
Era o sÃmbolo de união dos dois.
Como você sabe tanto e como você tem essas coisas? - olhava Heero desconfiado para a mulher - você é algum tipo de parente ou algo de um dos dois?
Busque seu amigo, então conversaremos.
A mulher vira-se e se dirige para sua casa, na loja de doces. Heero, por sua vez, vira-se e vai caminhando em direção à praia. O crepúsculo se findando, a noite abraçando as estrelas. Quando chega ao local, percebe que novamente a névoa toma todo o local. Ele segura forte as três peças penduradas em seu pescoço e fala em um tom de voz alto.
Eu não tenho medo de você. Apareça desgraçado! Eu vou acabar com a sua vida! Devolva o Duo agora!
Uma leve gargalhada ecoa pelo local. Um som macabro, que faz um frio percorrer a espinha de Heero, mas ele não vacilou um momento sequer. O som dar risadas param e um caminho começa a se formar na névoa. Heero lentamente vai caminhando e quanto mais caminhava, ele sentia algo diferente dentro de si... uma força renovada.
"Duo... me espera...agüenta firme que eu vou te buscar..."
Heero depara-se com uma grande porta de madeira.
Entre... se tiver coragem...
Uma voz e novamente aquela gargalhada demonÃaca.
"O que estava acontecendo... não ... não era de verdade... não poderia ser... ou será que..."
Heero encheu seu peito de ar e caminhou em direção à porta que prontamente se abriu para que ele entrasse. Deparou-se com um corredor, com vários corpos grudados na parede, formando uma massa pulsante, que ficava agonizando a cada passo que ele dava à frente. A cena o deixou um pouco chocado.. não entendia o que estava acontecendo naquele lugar maluco, mas Heero continuava em frente, seu objetivo deveria ser atingido, salvaria Duo e o tiraria de lá.
Conforme caminhava, Heero sentia algo se movendo às suas costas. Não queria virar, sabia que encontraria algo que não o agradaria se o fizesse. Em determinado momento, virou-se e nada na sua vida poria tê-lo preparado para a cena que presenciou. Um aglomerado de pele retorcida com vários rostos estampados estava se elevando do chão e indo em sua direção. Não tendo alternativa, Heero começou a correr em direção oposta ao monstro e foi retirando algo de sua mochila. Cargas explosivas. Heero foi largando as cargas, deixando o contador para três segundos e começou a correr mais rápido ainda. Explosões começaram a eclodir às suas costas enquanto corria para chegar ao final do corredor. Finalmente, encontrou uma porta. Abriu rapidamente a porta e a fechou às suas costas. Sentiu o tranco de algo se chocando fortemente contra a porta, mas nada além do primeiro baque.
Quando finalmente olha para frente, Heero percebe que não está sozinho na sala. Algumas pessoas translúcidas se encontravam, flutuando, e brilhando... todas estavam olhando para ele... elas emitiam um brilho cinza, opaco... Heero viu quando todas elas abriram os olhos de uma só vez.. eles brilhavam em vermelho... o ódio percorrendo cada veia em seus corpos.
Heero estava decidido a seguir em frente. Segurou forte nos três "amuletos" que levava consigo e pegou mais um de seus apetrechos na mochila. Heero observava todo o quarto, enquanto tentava raciocinar sobre qual seria o melhor caminho. Viu onde estava a porta e traçou mentalmente o caminho que seria seguido. Ele largou três cápsulas no chão e tão logo elas tocaram o solo, começaram a expelir gases. Era uma bomba de fumaça. Seguindo seus instintos e lembrando do caminho que mentalmente traçara, Heero começou a correr pelo local, indo em direção à saÃda.
Quando estava passando pelo meio da sala, sentiu algo frio segurando seu pescoço. Podia ouvir os gemidos ensandecidos dos seres que lá se encontravam e suas mãos tocando seu corpo, puxando seus braços, pernas... A dor e as diferentes sensações de frio e calor em seu corpo o estavam quase vencendo... sentia seu corpo enfraquecer a cada nova investida dos estranhos seres. Algumas vezes diferenciava alguns socos, pontapés ou tapas ... mas aquelas mãos geladas tocando sua pele estava fazendo com que seu corpo inteiro congelasse.
"Desculpa Duo... eu tentei... eu..."
"Heero..."
Nessa hora, o soldado perfeito conseguiu ouvir nitidamente a voz do rapaz de cabelos longos e olhos violeta. Apenas por ouvir a voz do rapaz, Heero recuperou suas forças, fazendo com que voltasse a lutar. Conseguiu soltar uma das mãos e pegou a primeira coisa que conseguiu em sua mochila... uma granada de luz... lançou a granada para o ar e ela explodiu, causando um grande estrondo sentiu quando aquelas "coisas" o largaram e foram direto em direção à luz e, aproveitando-se disso, partiu em direção à porta. Quando atravessou a nova porta, viu um lago de lava quente e no final dele, uma grande cruz se encontrava ao centro com alguém preso a ela. Heero não pensou duas vezes, começou a pular pelas pequenas pedras que se encontravam suspensas no lago de lava e, lentamente foi atravessando o local perigoso.
"Duo... me espera, eu tô chegando..."
"Cuidado..."
Foi a única coisa que conseguiu ouvir quando estava quase sendo atingido por um gêiser de lava quente. O calor do local começou a fazer efeito em seu corpo que transpirava e pedia por alÃvio. Ele agachou seu corpo na pequena pedra para poder respirar um pouco e quase desmaiara, devido ao calor intenso ao qual estava sendo exposto. Heero reúne suas últimas forças para conseguir completar o caminho e finalmente chega ao local onde a grande cruz estava fincada no chão. Ele olha para cima e vê Duo... sangrando... com os cabelos soltos caindo em seu rosto, sua roupa rasgada e todo seu corpo sujo de sangue.
Duo...
Ele apenas murmura o nome daquele que veio buscar, antes de desmaiar.
Heero... por... por que veio?... Será que não entendeu que era isso que eles queriam? Idiota... Acorda... ACORDA!!! Por fa... fav... vor...
A voz de Duo falhava devido ao esforço que havia feito para tentar soltar-se e sempre ser punido por isso. Será que ele iria morrer assim? Mas que humilhante... ele, o grande Shinigami, morrer nas mãos de um fantasma... Não queria aceitar isso, não podia aceitar isso... foi então que sua visão se ajustou e ele viu, no pescoço de Heero, caÃdo ao chão, seu crucifixo...
"Por que Heero está carregando meu crucifixo?... Por que ele ... por que ele se arriscou tanto por mim? Ele nem sabia se eu estava vivo ou não... Droga, maldição... eu tenho que me soltar... eu tenho que... ajuda-lo..."
Duas figuras estavam taciturnas olhando a cena. Viram o desespero do garoto ao atravessar as provas e chegar até o seu objetivo e viram o quanto o outro estava sofrendo ao ver que o jovem se arriscava por ele. Eles se entreolham e percebem que ambos estão na mesma situação. O jovem loiro de cabelos compridos estava preso, seus braços junto ao corpo e uma parede viva o prendia. O outro, uma forma espectral de um moreno de cabelos curtos e revoltos...
Eles ...
São como nós dois, não é mesmo?
... Por que ele se arriscou tanto pelo outro?
Você deu sua vida por mim e ainda questiona a atitude do outro rapaz?
... eu não entendo... está tudo tão confuso em minha mente... eles... eles... eles querem tirar você de mim, como meu pai... eu não vou deixar... não posso permitir que ninguém mais interfira em nossas vidas...
Yukio... acabou... está tudo acabado... esqueça os dois... liberte-os... você já tem a mim, apenas para você...
NÃO! Se eu deixar eles saÃrem eles vão buscar ajuda e tentarão me impedir... NÃO!!
Duo observa Heero e não pôde evitar derramar algumas lágrimas... ele amava Heero... há muito tempo... não era justo o que estava acontecendo... ele estava próximo aos seus pés... desacordado... talvez morrendo... esse pensamento fez com que novas lágrimas rolassem sobre seu rosto, mas desta vez, acabaram acertando o rosto de Heero e uma delas, o seu crucifixo.
Heero...
Duo...
Os olhos de Heero se abrem e ele vê Duo... chorando... e então ele imaginou por que ele estava chorando... seria por ele?
"Duo... você não... não pode chorar... você não pode sofrer, eu não vou deixar... você... sofrer mais... eu...".
O crucifixo no peito de Heero parecia brilhar... a forma espectral, ao perceber isso, grita em desespero. Tudo ao seu redor começa a ruir, as paredes, a lava, a cruz, ficando apenas o chão onde os quatro estavam. O soldado perfeito se levanta e parece estar novamente com as forças renovadas, alguns espÃritos aparecem flutuando ao redor deles, mas Heero parece ignora-los.
Quem é você? Por que está fazendo isso?
Maldito, você estragou tudo! Agora, eles vão nos descobrir aqui... eles vão tentar tirar o Nate de mim... eu vou acabar com você!
Yukio, espera!
O jovem de longos cabelos loiros grita, mas é tarde demais. O outro voava muito rápido na direção de Heero, indo de encontro à ele.
Ambos se chocam, a intensidade dos golpes trocados é imensa. Heero usa toda sua força para conseguir acertar seu adversário, mas ao que parece, a maioria dos seus ataques não surte efeito. Ele se cansa, mas não desiste. Duo observa a luta e tenta se levantar para ajudar o amigo, seu amor... mas seu corpo está muito ferido para que consiga se levantar. Ele sente uma mão tocar seu ombro e se assusta, quando vira-se, se depara com o jovem rapaz de cabelos loiros.
Ele não vai desistir enquanto não matar o seu amigo.
O que? Eu... tenho que impedir... se não fosse por mim, ele não teria vindo até aqui...
E o que pretende fazer?
... Você o conhece... não sabe um jeito de fazer ele parar?
Talvez tenha um... seu amigo ainda tem mais alguma daquelas granadas de luz?
Eu... não sei...
Procure na mala dele... eu tenho um plano.
Duo reúne suas forças e pega a mochila de Heero que estava caÃda. Ele procura dentro da mochila e encontra a última granada de luz que havia na mochila.
Aqui está. Mas o que pretende fazer com isso... pelo que eu percebi... isso só irá distraÃ-los por alguns instantes...
É o tempo que precisamos... Nós não estamos no nosso mundo... esse lugar foi criado por ele para que pudéssemos ficar juntos...
Ele te ama, não é mesmo?
Sim.. ele deu a vida dele por mim.. mas não aceitou isso... por isso ainda está aqui... pelo que uma pessoa me explicou, enquanto ele não se libertar... ele não encontrará a paz...
E o que pensa em fazer para liberta-lo?
Você verá...
A luta continua e Duo observa quase desesperado Heero ser massacrado pelo espÃrito.
Heero!!!! - grita Duo
Agora!
Heero ouve Duo gritar seu nome com lágrimas escorrendo pelo seu rosto e percebe a granada em sua mão. O soldado perfeito entende a ação do amigo e atira-se no chão, deixando o espÃrito confuso com sua ação. Duo aproveita o momento e atira a granada para o céu, fazendo um brilho intenso preencher todo o local.
O jovem de longos cabelos loiros se aproxima rápido de Heero e o trás para próximo de Duo, que o abraça forte, deixando os sentimentos do soldado perfeito mais confusos ainda.
Depressa, vocês dois precisam sair daqui.
E quanto a você? - Pergunta Duo aflito pressionando Heero em seu peito e sentindo o soldado perfeito estremecer diante de tal ato.
Meu destino foi selado no momento em que me apaixonei por esse cabeça dura...
Acho que isso pertence a vocês dois, não é mesmo? - fala Heero tirando as duas correntes de seu pescoço.
Onde você conseguiu isso? - Pergunta o loiro com espanto em seu rosto.
A mulher na loja de doces me entregou. Disse que talvez eu fosse precisar disso...
Que loja de doces?
A que tem na cidade, próximo ao colégio...
Mas não tem nenhuma loja de doces naquela parte, ou melhor.. na cidade...
O que?
Malditos! - grita o espÃrito ao retornar - vocês pagarão caro por terem tentado me separar do meu amado.
Afastem-se, agora! - fala o loiro levantando e encarando o espÃrito da pessoa que tanto amou em sua frente.
Saia da frente Nate, eles querem nos separar, eu não vou permitir isso!
Cale-se idiota! Será que não percebeu ainda? Eles estão aqui para nos ajudar... nos ajudar a ficar juntos... para sempre...
O ... que?
Isso mesmo.. olhe os dois... e agora olhe para nós dois... não reconhece nada? - nesse momento, Heero e Duo se encaram e o soldado perfeito não consegue evitar ficar corado.
... O que quer dizer com isso?
Veja o que o amigo daquele que você prendeu nos trouxe - diz ele erguendo os dois amuletos.
... isso é...
Isso mesmo... o sÃmbolo da nossa união... nossa união eterna... não é mesmo?
Nate...
Yukio... está na hora de se libertar... eu me unirei a você, quando a minha hora chegar... mas não posso... deixar de viver...
Nate..
Não... você me quer ao seu lado? Para sempre? Espere-me... ou me mate.
Não... eu não vou matar você... não quero... não posso... - diz o espÃrito levando ambas as mãos ao seu rosto e ficando realmente confuso.
... Então, me deixe viver... viver a nossa vida... viver por nós dois...
Nate... eu...
Yukio... por favor... nós nos encontraremos, em breve... agora, deixe-nos partir...
...
O jovem loiro caminha na direção do espÃrito e coloca um dos amuletos em seu pescoço, colocando o outro em si próprio. O corpo do espÃrito começa a brilhar e ele sorri, e entende...
Eu vou te esperar... eu te amo... e vou ficar esperando o tempo que for necessário...
Eu sei... eu também...
Uma luz preenche o local e quando percebem, estão em outro lugar... e se assustam... eles estão a uma altura absurda, sobre o oceano.. caindo.. quando iniciam a queda, Heero instintivamente agarra Duo e o vira para cima, para que seu corpo absorva o impacto da queda. O jovem loiro aproveita a queda, parecendo estar acostumado com isso. Duo, ao perceber a intenção do amigo, tentar soltar-se e não deixar que ele absorva todo o impacto, pois sabe que o mesmo não está em sua melhor condição fÃsica, mas não consegue, seu corpo ferido não o ajuda e Heero o prende com toda sua força.
"Heero... não... por favor... não morra... por mim..."
Duo se agarra no peito de Heero e os três caem na água. Com a queda e o impacto direto, Heero desmaia. Quando Duo percebe as mãos do soldado perfeito soltarem lentamente seu corpo, um desespero toma conta de seu corpo... de seu peito...
"Heero..."
"Duo... me perdoa... ai shiteru.."
Desesperado, Duo agarra Heero e deixa sua boca levar ar para o corpo inerte de seu companheiro, enquanto tenta voltar desesperadamente para a superfÃcie. Quando consegue subir, Duo tenta se localizar e fica batendo seus pés para não voltar a afundar. Ele tenta deixar o rosto de Heero fora da água, uma tarefa difÃcil, levando em consideração seu estado fÃsico. Ele sente alguém segura-lo pelos ombros e puxa-lo para cima. Era Nate, dentro de um barco pequeno, junto com a mulher que os havia atendido na loja de doces. Rapidamente eles retiram ambos da água e Duo, desesperado, tenta trazer Heero de volta.
Maldito, você não vai me deixar, não agora... por favor... volta pra mim... Heero...
O pulso dele está fraco... ele deve ter ingerido muita água. - Fala Nate sério, tentando ajudar Duo a reanimar o amigo.
Duo começa a fazer respiração boca-a-boca em Heero e socar seu tórax, tentando desesperadamente trazer o amigo... seu amor... de volta.
Não é justo.. volta pra mim maldito...
Em um dos socos que Duo acertava no tórax de Heero, ele começa a tossir e expelir um pouco de água. Duo, feliz, abraça seu amado e o deixa tossir e vomitar mais água em suas costas, enquanto ele aperta seu peito, forçando-o a deixar toda água salgada ir embora de seu corpo.
Não me assusta mais desse jeito... você me deixou preocupado...
Heero ainda não conseguia responder, mas sentiu o corpo de Duo colado ao seu... sabia que aquilo era certo.. sabia, ou melhor... tinha certeza que o amigo sentia algo por ele. Heero vai aos poucos se recuperando e seu peito ardia... pela quantidade imensa de água em seus pulmões e pelo aperto de Duo... que era quente e acolhedor... sentimentos profundos começaram a percorrer a mente e o corpo do soldado perfeito. Quando Heero se recuperou, a jovem que os observava de longe se levantou.
Bem, minha missão já foi cumprida.. posso voltar agora.
Quem é você? - Pergunta Heero.
Eu? ... alguém que precisava ver Yukio descansando em paz...
Eu conheço você...vi as fotos... você é...
Isso mesmo... até mais... e ... obrigada a todos...
A mulher vai ficando cada vez mais translúcida até desaparecer completamente.
Quem era ela? - Pergunta Duo assustado.
Pelo que me lembro, era a mãe do Yukio... ela... morreu ao dar a luz ao garoto.
Morreu? - Fala Heero com um tom desconfiado.
Isso mesmo... morreu... ao que parece, ela velava pela felicidade do filho...e agora, pode descansar em paz ao seu lado...
Os três jovens começam a remar lentamente para a praia e conseguem, após um longo perÃodo, voltar para a pequena cidade onde estavam. Eles ficam mais algumas horas na praia, apenas apreciando o nascer do sol... e voltam, cada um para sua casa... Duo e Heero para a república onde estavam hospedados e Nate para sua casa.
Quando chegam à república, os dois jovens pilotos, que estavam esgotados e doloridos, deparam-se com uma cena que não esperavam... seus companheiros de quarto, dormindo juntos, abraçados... e com um sorriso estampado em seus rostos... Eles apenas se olham e ficam ruborizados. Duo é o primeiro a tomar um longo banho e Heero vai em seguida. Quando retorna, Heero encontra Duo dormindo, como um bebe...
"Você é tão lindo... eu poderia passar a manhã inteira apreciando sua beleza... mas..."
Heero deita-se em sua cama e dorme quase que imediatamente. Eles acordam e já é quase noite, o sol se escondendo... Nem um nem outro sonhou nada... apenas dormiram, descansaram... eles acordam quase ao mesmo tempo. A rotina dos dois volta ao normal e eles não tocam mais no assunto. Eles conseguem completar a missão que haviam se proposto e apreciam seu último pôr-do-sol nesta cidade, que os havia ensinado tanto... Eles percebem uma figura sentada na praia e, quando o outro os percebe, anda em direção à eles.
Já faz tempo que não nos vemos, não é mesmo? Como estão os dois? - Pergunta Nate com um sorriso no rosto.
Estamos bem, e você? - Pergunta Duo também sorrindo.
Vou indo... sinto saudades... mas nada posso fazer a não ser viver a minha vida até que minha hora chegue... e quanto a vocês? Como estão juntos?
Ah... é... bem..
Heero vira seu rosto para o lado e Duo não consegue evitar de soltar um suspiro de decepção...
Não devem jamais ter vergonha do que sentem um pelo outro. É algo bonito, e devem aproveitar enquanto podem.
... E como você pode ter certeza disso? - pergunta Heero com seu olhar cabisbaixo.
Ninguém faria o que fez, se não gostasse realmente da pessoa que estava em perigo. A amizade é um sentimento maravilhoso e deve ser cultivado... mas lutar do jeito que lutou e tirar forças da voz de uma pessoa... é um elo que apenas aqueles que se amam possuem... pensem nisso e não deixem o tempo passar... nos encontramos por aÃ! Até mais!
O jovem de longos cabelos loiros afasta-se dos dois e volta a caminhar na praia.
Duo... eu...
Heero... nós nunca tocamos no assunto desde o ocorrido... quer conversar?
Vamos nos sentar na praia. - fala Heero caminhando.
Duo segue o amigo e senta-se próximo à água.
Então? - Fala Duo.
Eu... eu... não sei o que dizer... eu...
Você me ama Heero?
O que?
É uma pergunta simples e direta... eu devo confessar algumas coisas... eu pensei muito em você nos momentos em que estive como prisioneiro... eu acho que me apaixonei por você no primeiro dia em que te vi... quando eu ... atirei em você... um encontro um tanto quanto conturbado, mas... acho que naquele instante eu percebi que meu destino era sofrer por você...
E você sofre?
Duo falava com seus olhos fixos no oceano e no belo pôr-do-sol à sua frente. Heero olhava para ele e percebeu uma pequena lágrima rolando. Instintivamente, seu dedo correu pelo rosto do americano e secou a lágrima.
Heero... - Duo virou seu rosto para Heero e o encarava com seus olhos marejados...
Duo.. não chora... não fica bem em você...
O que?
Eu gosto muito do seu ... sorriso.. você trouxe muita alegria em minha vida... eu fui atrás de você e lutei tanto ... não quero que você chore ou fique triste... eu...
Antes de terminar a frase, Heero se aproximava de Duo e lentamente tocou seus lábios no dele. Duo, espantado com a reação do soldado perfeito, agarrou seu pescoço e aprofundou o beijo... com medo de que aquilo fosse um sonho, ou que ele pudesse sair dali e deixa-lo... Separaram-se ofegantes... Duo com um sorriso em seu rosto e seus olhos brilhando.
Duo... ai... shiteru..
Hee-chan... aishiteru mo...
Ambos voltam a se beijar e o fogo começa a consumir suas almas. Ao longe, uma figura os observa e sorri, voltando a caminhar em direção à praia.
Heero... se você soubesse ... como ... como eu sonhei com isso... com esse momento...
Eu também...
Eles sentem o mar tocar seus pés e Duo se levanta, correndo em direção ao mar.
O que está fazendo, está louco?
Vem aqui!
Duo acenava contente, brincado na água como uma criança que vê o mar pela primeira vez. Suas roupas largas começavam a se molhar. Heero caminha na direção de seu amado com um sorriso nos lábios. Ao se aproximar, Duo começa a jogar água em Heero e o mesmo começa a tirar a camiseta e os sapatos, jogando-os para longe, correndo em seguida para agarrar o americano fujão. Duo, ao perceber a intenção do piloto japonês corre para mais longe, indo para dentro do mar. Heero consegue se aproximar de Duo e o agarra, puxando-o para perto de si. Ao puxar Duo para perto, Heero inicia um beijo tão quente que pega o americano desprevenido e o faz perder o equilÃbrio, fazendo com que os dois caiam na água. O pequeno incidente não faz com que Heero pare o beijo... dentro da água, ambos ficam se beijando, com seus corpos molhados e suas roupas colando em seus corpos. Eles se levantam devagar, tossindo um pouco e se encaram, sorrindo.
Você é louco! - Fala Duo com sua voz brincalhona.
Eu? Você é o louco aqui... - Diz Heero sorrindo. Vamos para a praia... está escurecendo...
Nesse instante, fogos de artifÃcio começam a iluminar o céu, que já estava negro... com suas estrelas brilhantes. Os dois jovens retornam para a praia e pegam suas coisas que estavam espalhadas pelo chão.
Duo... sobre o que aconteceu esta semana aqui...
O que?
Não quero nenhum comentário sobre isso no relatório da missão... eles... não acreditariam..
É claro que não...
E Duo...
O que?
Você é meu... de hoje para sempre... só meu... - Fala Heero sorrindo.
Pra sempre... Hee-chan... aishiteru...
Aishiteru mo... Duo...
Os dois jovens ficam deitados observando os fogos, abraçados, a lua sendo testemunha de suas juras e de seu amor....
The end.
E então? Gostaram? (resolvi colocar pelo menos o mês que eu fiz a fic... seguindo o exemplo da minha priminha querida... beijos Delly!!!)
Ryu K. out/2002