Fan Fiction ❯ A Pedra de Ônix ❯ Grandassen e Chernoir ( Chapter 1 )

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* A Pedra de Ônix *

Autoria de Youko Yoru

Yaoi Art ML

Estilo: Lemon, Em Capítulos

E-mail da autora: youko_yoru@hotmail.com

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Capítulo 2 - Grandassen e Chernoir

Nasci em Grandassen, uma pequenina cidade no interior da Inglaterra. Contou-me a minha mãe que me deu à luz em uma gélida noite de inverno; e que a primeira coisa que fiz, quando pude abrir os olhos, foi voltá-los para a janela de seu quarto, onde os flocos de neve se entretinham em formar belas filigranas transparentes.

Fui uma criança quieta e estudiosa; desde cedo amei os livros. Meu pai, também ávido leitor, sentia grande prazer em lê-los todas as noites para mim. Foi desta forma que se apresentou para mim a Poesia, à qual eu dedicaria o primeiro amor de minha adolescência e juventude.

Completava sete anos quando meu pai desapareceu. Ele era o juiz de Grandassen, e era respeitado e mesmo temido ali. Em minha cidadezinha se contavam muitas histórias de assombrações, das quais eu tinha enorme medo; os vizinhos especulavam sem parar sobre o fim misterioso de meu pai, e os contos terríveis que ouvia aguçavam-me a imaginação e me apavoravam. Ao contrário da população comum do lugar, contudo, meu pai era um homem estudioso e esclarecido, que não se deixava impressionar por tais crendices; as velhas beatas do lugar chegavam a dizer que ele era ateu, e persignavam-se toda vez que o viam...

Disse um velho lenhador do lugar, Hans, ter visto meu pai dirigir-se à floresta de Chernoir, nos arredores de Grandassen. A chamavam "A Floresta dos Olhos Escarlates", pois se dizia que nela habitavam demônios negros com horrendos olhos flamejantes. Nenhum aldeão arriscava-se a entrar lá durante a noite, e mesmo sob a luz do sol eram raros os que se acercavam do local. Meu pai, está claro, ria-se destas superstições. Não sei o que ele fora fazer na floresta à noite, se é que de fato foi; não o posso imaginar até hoje. O que sei é que ele saiu, avisando à minha mãe que sua ausência seria curta, e jamais retornou.

Inconsolável foi o pranto de minha mãe, e piorado pelo falatório dos vizinhos; estes alardeavam aos quatro ventos que meu pai tinha parte com os demônios da floresta, e que havia sido levado por eles. A fim de fugir da maledicência deles, que somente lhe causavam mais sofrimento, minha mãe vendeu a casa e nos mudamos para uma menor, nas cercanias de Grandassen, ainda mais próximos de Chernoir. Ali permanecemos até que Lord Edwards apareceu.

Lord Edwards era o braço direito de meu pai, e com o seu desaparecimento ele elevou-se à categoria de juiz. Imagino que ele deveria almejar o cargo há muito tempo, e que poderia até ter comemorado o fato de meu pai ter sumido sem deixar rastros; pensar nisto ainda me enfurece, mesmo sendo passado tanto tempo...

Minha mãe contava apenas trinta anos na época; ela tinha cabelos louros e cacheados, e seus olhos eram azuis e muito grandes. Eu a achava tão bela quanto uma fada, ou uma princesa, e Lord Edwards também; soube que ele a cortejava antes de seu casamento com meu pai. Não posso afirmar que o fazia durante o tempo em que ela o tinha a seu lado; porém, assim que a notícia da morte de meu pai espalhou-se pela cidade (ele foi dado como morto, porque nunca mais foi encontrado), Lord Edwards tornou a visitá-la e propor-lhe segundas núpcias.

As moças solteiras de Grandassen eram apaixonadas por Lord Edwards e seus bigodes negros, e todas o consideravam o melhor partido da cidade; mas isto não impressionava a minha mãe. Quando adolescente, ela preferiu meu pai, um jovem pálido e franzino, de longos cabelos castanhos e tímidos olhos verdes, que o vigoroso e corado Edwards. E agora, rico e no auge de seu vigor, aos trinta e cinco anos, ele voltava a pedir a mão de minha mãe. Ela a princípio resistiu; mas ele tanto a importunou, e de forma tão contundente a cercou, que ela acabou por aceitar. Eu tinha dez anos quando eles se casaram e fomos morar em sua mansão, no centro de Grandassen.

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Julho, 2003